segunda-feira, 11 de janeiro de 2010


Título: da paz

São Paulo e seus contrastes.
Quando o ônibus estaciona no terminal da Barra Funda já se pode ver situações opostas. A alegria estampada no rosto daqueles que chegam ao abraçar alegremente uma pessoa queria, contrastando com lágrimas de adeus daqueles que partem sabe-se pra onde, e não deixam nem a esperança de quem sabe um dia voltar.
Em meio a tudo aquilo, desci do ônibus, reparei uns minutos, como sempre gosto de fazer. O comportamento humano me prende. É fascinante ver como pessoas reagem a cada situação. A distância, olho e tento imaginar que história aquela pessoa traz consigo. Por que chora? Por que sorri? Atrás de cada um daqueles cidadãos tem um passado de dor, alegria, e esperança. Enfim, subi a escadaria e fui encontrar quem eu havia viajado 6 horas para passar momentos que entrariam pra sempre na minha memória.
No caminho, construções luxuosas emolduravam um rio sujo e fétido. O luxo e o lixo cara-a-cara. Carros apressados no vai e vem, passavam despercebidos por mendigos sentados nas calçadas sem pressa nenhuma. A falta de pressa provavelmente é conseqüência da falta de esperança. Não tinham pra onde ir, nem o que fazer. Estavam ali, a esmo, esperando um milagre que os devolvesse a vida, e por vez, os colocassem dentro de um daqueles carros apressados que passavam em suas frentes e fazia deles paisagem invisível.
Os passeios seguiam. Junto com eles os sorrisos, os olhares abobalhados, violinos no ar. Não havia motivo pra contraste nessa hora. Apenas alegria e felicidade atravessavam ruas, visitavam parques, assistiam shows e celebravam, por fim, a tão esperada hora de estar juntos.
O carro virou a esquina e entrou na Av. Brigadeiro Faria Lima. Prédios de luxo, edifícios de alto padrão estavam imóveis frente a um ou outro pivete fazendo malabarismo nas esquinas em busca de um qualquer. Na Sé, a imponência da Catedral nocauteia qualquer um. Metros de altura nas torres a badalar dos sinos que embalavam o sono daqueles que dormiam nos bancos da praça. Um mendigo (foto), visto como "cidadão de alta periculosadade" caminha livremente, em nossa direção, cruza os braços e pede paz! Reflexivo contraste!
Depois de dias raros, era hora de voltar pra casa. Subir no mesmo ônibus que me levou rumo a sua companhia e deu de brinde a vontade de viver tudo aquilo intensamente, para assim voltar a minha Terra e conviver mais uma vez com a vontade de estar aí de novo.
Sem antes, o até breve. Aqueles abraços de despedida que me chamaram atenção no desembarque agora eram dados por mim, e ela. Mas não havia um até sabe-se lá quando. Pelo contrário. Aqueles abraços e beijos eram de “te espero”, e o contraste da tristeza da despedida foi coberto pela esperança de viver tudo isso mais uma vez.

Detalhes da foto:
F 10, Exposição 1/200, ISO 200

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